segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O USO DAS TIC`S EM SALA DE AULA

O USO DAS TIC´S EM SALA DE AULA: POSSIBILIDADE DE FERRAMENTA PARA O ESTUDO DE CIÊNCIA.
Carina Guaites
Carla Luisa Frey Bamberg
Darlene Maciel da Rosa

RESUMO: o presente artigo, redigido coletivamente, apresenta de forma resumida e sucinta temas tratados referente ao uso das Tic’s (tecnologia de informação e comunicação) em sala de aula, como uma das possibilidades de ferramentas para o estudo de ciência. Diante do desafio proposto pelo professor Alessandro Cury, pensamos em aprofundar um tema tão relevante na sociedade contemporânea com seus desafios e por que não na ação pedagógica no estudo de ciências. Consideramos de grande relevância e importância para a formação acadêmica plena, o uso das tecnologias que estão ao alcance dos interessados. O professor poderá utilizar esses instrumentos a seu favor, tornando sua aula mais atrativa e de interesse dos alunos utilizando as Tics como instrumento de aprendizagem no ensino de ciências.

Palavras-chave: Aprendizagem – TIC’s (tecnologias de informação e comunicação), Ensino de Ciências.

INTRODUÇÃO

O presente artigo apresenta a emergente temática do uso da tecnologia de informação e comunicação (tic’s), com ênfase na metodologia de ensino das ciências, contextos que estão em constantes pesquisas, estudos e debates no campo da educação.
O estudo inicia-se com a Influência das Tecnologias de Informação e Comunicação na aprendizagem, perpassando pelas mudanças no campo da educação principalmente se tratando do processo de ensino-aprendizagem, o papel desempenhado pela escola, professor e alunos e as construções do conhecimento por eles.
            O uso das Tic’s na metodologia do ensino de ciências é o principal tema abordado, onde será retratado como utilizar essas tecnologias, esta era de informações a favor do ensino de ciências, onde o aluno terá que pesquisar, selecionar e tirar suas próprias conclusões.
            Também será abordada algumas dicas e sugestões de como utilizar as Tics em sala de aula e fora dela, uma vez que a escola não é mais o único local de construção de aprendizagem.
A escola como local de socialização que realmente é, deve ter suas portas abertas a todos. É evidente que estamos perante uma sociedade em mudanças, novos fatores estão surgindo. Mas é necessário reconhecer as tecnologias como um valor e integrá-la na ação do dia-a-dia, de forma a contribuir para uma maior qualidade no ensino e também para tornar a própria sociedade melhor.

A INFLUÊNCIA DAS TIC’S NA APRENDIZAGEM

O processo de ensino aprendizagem tem sofrido mudanças de uns anos para cá, uma vez que a alguns anos atrás o conhecimento era fornecido somente na escola, instituição formal de ensino e o papel do professor era fornecer este conhecimento, ou seja, era ele que detinha  a aprendizagem e passava aos seus alunos que nada sabiam.
Com as mudanças culturais e do próprio sistema de ensino, onde as informações são transmitidas rapidamente, a escola é o espaço político, sendo o lugar de socialização e de aprender, mas existem mudanças em como ver a escola como único espaço para a construção da aprendizagem.
Para Silva (2006), as tecnologias estão aí em todo o lugar – computador, internet, tablet, MP3, câmeras de filmar e fotografar, iPad entre outros – e com tantos meios de comunicação os alunos rapidamente adquirem as informações e conhecimentos que tem interesse em aprender ou até mesmo os que são expostos pela mídia.
O professor deve atuar como mediador facilitador e desafiador do conhecimento, da própria prática e da aprendizagem individual e coletiva dos seus alunos. Ao mesmo tempo em que precisa exercer sua função de mediar, o professor deve colocar-se como parceiro dos alunos, respeitando o estilo e ritmo de trabalho de cada um deles, assim como os caminhos que escolhem em seu processo evolutivo. Assim, os alunos constroem o conhecimento por meio da exploração, navegação, comunicação e troca com colegas e docentes.
O que acontece é que muitos professores ainda tem receio de utilizar esta tecnologia em prol da aquisição de conhecimento dos seus alunos, pois segundo Silva

Os professores sentem que não dominam as tecnologias e, em geral, vão fazendo pequenas concessões, mas sem mudar o essencial. Muitos professores tem medo de revelar sua dificuldade diante do aluno. Por isso e pelo hábito mantém uma estrutura repressiva, controladora, repetidora. Os professores percebem que precisam mudar, mas não sabem como fazê-lo. Freqüentemente algumas escolas introduzem computadores, estabelecem ligações a internet e esperam que isso melhore os problemas de ensino. (2006, p. 4).


Sendo assim, inserir-se no mundo tecnológico não quer dizer apenas ter acesso à tecnologia de informação e comunicação – TIC , mas principalmente saber utilizar essa tecnologia para a busca e seleção de informações que permita aos alunos e professores resolver os problemas do cotidiano, compreender o mundo e atuar na sua transformação.
Na sociedade do conhecimento de hoje o “espaço escolar” é muito maior do que a escola. Os novos espaços da formação (mídia, rádio, TV,vídeo, espaço familiar, internet..) alargaram a noção de escola e de sala de aula. A educação tornou-se comunitária, virtual, multicultural e ecológica e a escola estendeu-se para a cidade e o planeta. Pensamos em rede, pesquisamos em rede, trabalhamos em rede (SILVA, 2006).
Neste sentido, ensinar é organizar situações de aprendizagem, criando condições que favoreçam a compreensão da complexidade do mundo, do contexto, do grupo, do ser humano e da própria identidade propiciando uma aprendizagem significativa.
Cabe ao professor, promover o desenvolvimento de atividades que provoquem o envolvimento e a livre participação do aluno, assim como a interação que gera a articulação entre informações e conhecimentos com vistas a construir novos conhecimentos que levem à compreensão do mundo e à atuação crítica.

O USO DAS TIC’S COMO METODOLOGIA DO ENSINO DE CIÊNCIAS

            As tecnologias de informação e comunicação (TIC) estão transformando a vida em sociedade, mudando os serviços e equipamentos usados em casas, indústrias, empresas, lojas, escritórios, bancos e hospitais. É ilusório imaginar que elas não interferirão cada vez mais nas escolas, cuja função, é claro, inclui informar e comunicar. Mas quanto e de que forma lançar mão delas? Essa é uma questão discutida em todo o mundo.
            Certos recursos devem ser rapidamente incorporados ao instrumental educativo, pois permitem, por exemplo, ver células vivas em três dimensões, observar galáxias distantes por meio de um telescópio em órbita e acessar exposições de arte e ciência em museus de todo o mundo.
            Segundo Maia (2010) “ao educar para o uso dessas tecnologias, há aspectos que são de natureza sócio-afetiva, e não simplesmente cognitiva. Um jovem que tenha centenas de "amigos ou seguidores" numa rede social pode carecer de amigos com quem partilhe sentimentos olhando nos olhos, troque observações sobre questões sociais ou ambientais e faça arte, experimentações ou esportes coletivos”.
            Por isso, a escola deve ser um contraponto real ao mundo virtual, promovendo aulas participativas, projetos sociais, grupos teatrais, hortas coletivas e campeonatos esportivos, além de manter seus laboratórios sempre abertos. Nem tudo é possível ao mesmo tempo, mas em cada atividade as tecnologias estarão a serviço da vida escolar, que, sem ser sua refém, se beneficia delas.
        Outro ponto a salientar é o planejamento de ações pedagógicas dentro da ciência, pensando-se no uso das TIC, pressupõe criatividade, estudo, pesquisa, compartilhamento de ideias para a melhor utilização, enfim, uma utilização na educação voltada para melhorar o processo de aprendizagem, com intencionalidades sistematizadas, pensadas e ponderadas tendo em vista o ganho em qualidade educacional. Pensando dessa forma, todos podem imaginar projetos de utilização de TIC que fujam do padrão usual.
    
COMO UTILIZAR AS TIC’S

O computador conectado a uma rede de internet oferece diversas ferramentas para o ensino aprendizagem. Encontramos recursos, velocidade, comunicação e programas. Ele permite a criação de um espaço amplo para pesquisa e produção de textos. Para Mercado

Integrar a utilização da internet no currículo de modo significativo e incorporá-la as atuais práticas de sala de aula, numa aprendizagem colaborativa, poderá fornecer um contexto autêntico em que os alunos desenvolvam conhecimento, habilidades e valores. Nesse contexto as atividades propostas permitem aos alunos analisar problemas, situações e conhecimentos presentes nas disciplinas e na sua experiência sócio-cultural. (2006, p. 57).

 Diante desses métodos e recursos é possível criar e explorar muitas coisas com os alunos no espaço virtual. É preciso que todos os alunos possuam um endereço eletrônico para comunicação. A criação de uma página na internet para a troca de informações entre alunos e professor. A ferramenta de participação em fórum, onde podem ser discutidos assuntos das aulas anteriores ou posteriores.
Através do uso do computador, os alunos entram em um ambiente multidisciplinar e interdisciplinar. Existem ferramentas que podem ser utilizadas em todas as disciplinas:
Sites de pesquisas mais utilizados: Google, Yahoo, Bing e Wikipédia.
Principais ferramentas de comunicação: facebook, Twitter, Youtube, WhatsApp, Skipe, Instagram, entre outros.
Email gratuitos: Gmail, Outlook, Yahoo.
Vídeo: os alunos podem utilizar essa ferramenta como meio para gravar uma pesquisa ou entrevista. Na internet existem programas gratuitos como Windows movie maker ou vídeo spin que são utilizados para edição de vídeos.
Som: é possível trabalhar com música em diversas disciplinas. Na internet encontramos sites específicos de compartilhamento de arquivos sonoros;
Imagens: esse trabalho pode ser realizado através de pesquisas de imagens da internet ou imagens produzidas pelos alunos com celulares ou câmera fotográfica.
Blogs: é uma forma de comunicação, permitem postagens de um determinado assunto para que outras pessoas possam ler e fazer comentários.
Textos e planilhas: permite que os alunos elaborem textos e as planilhas permitem lidar com dados numéricos em diversas disciplinas;
Mapas: existem vários recursos disponíveis na internet como ferramenta para as aulas de geografia. Geobusca, Google mapas, Google earth, entre outros.
Jogos e simulação: os jogos desenvolvem habilidades e conhecimentos construídos de maneira lúdica. Podem ser abordados em diversas disciplinas.
            Devido à diversidade de tecnologias os alunos estão cada vez mais informatizados. Sendo assim o professor deve pensar sua prática pedagógica voltada para o uso das tic’s, atendendo a realidade dos alunos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das leituras e estudos realizados referente as tecnologias da informação e comunicação (tic’s), concluímos que além de ser uma inovação que constitui atualmente um tema central nas discussões sobre a escola, de fato na medida em que estas tecnologias criam um ambiente estimulante e motivador para a aprendizagem, disponibilizando oportunidades infinitas para o desenvolvimento cognitivo e sócio-afetivo dos alunos, percebemos que cada vez mais é preciso não só ter o conhecimento e sim saber utilizá-la como ferramenta no processo de ensino-aprendizagem.
Para incorporar a TIC na escola e na metodologia do ensino de ciências, é preciso ousar, vencer desafios, articular saberes, criar e integrar diferentes tecnologias, teorias educacionais, aprendizagem do aluno, prática do educador e a construção da mudança em sua prática, na escola e na sociedade.
Essa mudança torna-se possível ao propiciar ao educador o domínio das tic’s e o seu uso para inserir-se no mundo, representar, interagir, refletir, compreender e atuar na melhoria de processos e produções de seus alunos, transformando-se e transformando-os, atingindo assim uma aprendizagem significativa, onde o educando busca informações, seleciona, cria, transforma e a partir daí constrói seu conhecimento.
 Não podemos vendar nossos olhos para esta realidade e sim utilizá-la como mecanismos de apoio ao nosso trabalho. Quando pensamos em globalização logo nos remetemos a quantidade de informação do mundo inteiro que chega até nós por diversos meios de comunicação, e então percebemos a importância de sabermos utilizar as tic’s no nosso cotidiano e como auxílio na aprendizagem de nossos alunos.
Para trabalharmos com as tecnologias da informação e comunicação o sistema de ensino como um todo deve pensar em espaços formadores onde devemos ter profissionais comprometidos, assumindo uma postura positiva em busca de potencializar uma educação de qualidade.

REFERÊNCIAS
SEABRA, Carlos. Tecnologias na escola. Porto Alegre: Telos empreendimentos culturais, 2010. Disponível em <http://geces.com.br/simposio/anais/anais-2012/Anais-2015-228.pdf>. Acesso em 03 jun. 2014.

SILVA, Adelina Maria Pereira da. Processos de ensino-eprendizagem na era digital. Disponível em <http://bocc.ufp.pt/pag/silva-adelina-processos-ensino-aprendizagem.pdf >. Acesso em 03 jun. 2014.

MERCADO, Luís. Experiências com tecnologias de informação e comunicação na internet. Maceió: EDUFAL, 2006.

MAIA, Hélio. TIC para o Ensino de Ciências. Contribuições para Professores. Disponível em: http://ticparaensinodeciencias.webnode.com.br/. Acesso em 17 de junho de 2014



Artigo de Estágio II

Horta escolar: Meios saudáveis no modo de relacionar-se das crianças com a natureza na construção de uma horta.
                                                                                                          Carla Luisa Frey Bamberg[1]         
RESUMO: O presente artigo apresenta uma reflexão sobre a prática de estágio obrigatório II do Centro Universitário La Salle – Unilassalle -, realizado em uma turma de Jardim II (com 5 e 6 anos de idade) da Educação Infantil em uma escola pública do município de Canoas. Apresenta de forma resumida e sucinta a abordagem do projeto “Horta escolar”, bem como a importância de trabalhar este projeto “horta” desde cedo com  crianças, envolvendo a família, professores e a comunidade escolar no processo de construção de hábitos saudáveis. A horta inserida no ambiente escolar torna-se um laboratório que possibilita o desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas em educação ambiental e alimentar, unindo teoria e prática de forma contextualizada, auxiliando no processo de ensino-aprendizagem e estreitando relações através da promoção do trabalho coletivo e cooperado entre os agentes sociais envolvidos.

Palavras- chave: Horta escolar. Hábitos saudáveis. Educação Infantil.

INTRODUÇÃO

       O presente artigo apresenta o relato da prática de Estágio Supervisionado II. O Projeto desenvolvido abordou o processo minucioso de realizar uma horta no contexto escolar. O tema do Projeto surgiu a partir da necessidade das crianças do contato com a natureza e principalmente a conscientização de cultivar hábitos saudáveis desde a infância.
Como futuras educadoras, devemos estar cientes de que o contato direto das crianças com a terra desperta o gosto do cuidado e o valor por todo o ambiente que as circunda e potencializa a criatividade, porém, necessitamos “derrubar as paredes” do comodismo, para que, assim, possamos refazer elos de proximidade com o mundo natural e consideração pelos desejos do corpo, já que somos parte intrínseca da natureza. Em consequência, as propostas pedagógicas e de formação de educadores é de suma importância que se orientem por objetivos de contemplação e reverência à natureza, assim como de respeito pelas vontades do corpo que, nos humanos, é também natureza.
A partir do supracitado, através de manifestações, desejos e interesses das crianças para o contato com a mãe terra, o tema do cultivo de hábitos saudáveis se deu de forma harmônica, divertida e criativa, possibilitando na formação da criança a importância do cuidado com a vida, no cultivo de hortaliças é consequência para uma vida saudável.

CONSTRUÇÃO DA HORTA ESCOLAR

Quando colocamos as crianças como os agentes da execução, possibilitamos que as mesmas passem a ter cuidado com o ambiente escolar, espaços externos e internos da sala de aula ou da escola e cuidado das relações humanas que traduzem respeito e carinho consigo mesmo, com o outro e com o mundo.
Neste contexto, o cultivo de hortas escolares pode ser um valioso instrumento educativo. O contato com a terra no preparo dos canteiros e a descoberta de inúmeras formas de vida que ali existem e convivem, o encanto com as sementes que brotam como mágica, a prática diária do cuidado – regar, transplantar, tirar inço, espantar formigas com o uso da borra de café ou plantio de coentro -, o exercício da paciência e perseverança até que a natureza nos brinde com a transformação de pequenas sementes em verduras e legumes viçosos e coloridos. Estas vivências podem transformar pequenos espaços da escola em cantos de muito encanto e aprendizado para todas as idades.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (DCNEI) também trazem uma reflexão sobre o tema. Neste documento está expresso que: Art. 9o: As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira, garantindo experiências que: VIII – incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e social, ao tempo e a natureza.gvt
De acordo com Tiriba (2000, p. 5), a vivência profunda com a natureza possibilita que as crianças a explorem e indaguem sobre seus fenômenos, construindo hipóteses sobre como as coisas acontecem.  Mas essas experiências só podem acontecer se as crianças se constituírem como sujeitos de seus corpos e movimentos, se forem sujeitos dos espaços naturais e sociais onde vivem e convivem.
As DCNEI propõem critérios curriculares para o aprendizado em creche e pré-escola, buscam a uniformização da qualidade desse atendimento. As diretrizes indicam as capacidades a serem desenvolvidas pelas crianças: de ordem física, cognitiva, ética, estética, afetiva, de relação interpessoal, de inserção social e fornecem os campos de ação. Nesses campos serão especificados o conhecimento de si e do outro, o brincar, o movimento, a língua oral e escrita, a matemática, as artes visuais, a música e o conhecimento do mundo, ressaltando a construção da cidadania.
Sem dúvida alguma é importante que o espaço escolar seja um lugar para aprendizagens significativas, porém, não se resume meramente ao espaço interno; explorar a parte externa como pátio, jardins e horta favorece uma visão de mundo ampla para a criança:

Na horta, aprendemos que o solo fértil é o solo vivo que contém em cada centímetro cúbico bilhões de organismos vivos. Essas bactérias que existem no solo realizam muitas transformações na vida da Terra. Devida à natureza básica do solo vivo, nós precisamos preservar a integridade dos grandes ciclos ecológicos em nossa prática de jardinagem e agricultura. Esse princípio, baseado num profundo respeito pela vida, faz parte de muitos métodos tradicionais de cultivo da terra e está sendo hoje resgatado num movimento mundial de retomada da agricultura orgânica. A horta da escola é o lugar ideal para se ensinar as crianças os méritos da agricultura orgânica (CAPRA, 2005, p. 13).
     
O Projeto “Horta escolar” teve duração de treze dias,  iniciando com a saída de campo em visita a uma horta, na qual as crianças tiveram oportunidade de explorar a variedade de hortaliças, flores e chás, o que facilitou o início da construção da horta escolar, dando noção básica do procedimento a se realizar na escola. Dando continuidade à prática de estágio, nos dias subsequentes foram trabalhadas as diferentes hortaliças e frutas por meio dos livros de contos como: “O Grande Rabanete”, “A Horta do Senhor Lobo” a “Cesta de Dona Maricota” e “O Grande Morango Vermelho”.
 Utilizaram-se fantoches e muita criatividade na elaboração de trabalhos manuais com papel pardo, tintas naturais, argila, etc. Após as atividades com a contação de histórias se buscava ir todos os dias depois das dez horas fazer a prática na horta: preparar canteiros, semear verduras, plantar mudas de hortaliças e frutas, regar, adubar e ver o desenvolvimento das plantinhas. Sempre havia novas descobertas que as crianças traziam de casa, a partir do diálogo com os pais acerca da atividade e até na própria horta escolar que eles ajudaram a construir.
Também foram realizadas atividades com material reciclável como as garrafas pet para fazer os “puffs” (pufes) das crianças e “galoneras” (tambores) de água de 20 litros para fazerem os canteiros de verduras. Para cuidar da horta foi confeccionado um mascote, ou melhor, um espantalho,  com o qual foi batizado com o nome de “Henrique”. Ele nos acompanhou em todas as atividades restantes na horta.
Foram realizadas diferentes atividades com hortaliças como: a semeadura, transplantação das mudas, o cuidado com a necessidade de água e adubo para as plantas no seu processo de desenvolvimento, acima de tudo os cuidados fundamentais, e o cultivo correto das hortaliças dando importância à alimentação saudável baseada em alimentos que atendem às necessidades do nosso organismo. Essas necessidades mudam de acordo com a idade e o sexo de cada um de nós e, ainda, com as atividades que exercemos. Uma alimentação saudável e equilibrada deve conter diversos nutrientes: carboidratos, proteínas, lipídeos (gorduras), água, vitaminas, minerais e fibras. Por isso a necessidade de saber da onde surgem as hortaliças e sua importância nos hábitos saudáveis do cotidiano das crianças.
A horta é uma possibilidade lúdica e concreta das crianças vivenciarem o planejamento, o nascimento, o crescimento, a coleta e a preparação do alimento. Esse processo pode parecer simples, mas na prática, torna-se inesquecível para os educandos.
O estágio culminou em mais uma saída de campo para um supermercado, as crianças se locomoveram nas proximidades da escola com o objetivo de fazerem as compras das verduras necessárias a fim de prepararem sanduíches naturais. Realizaram-se as compras e ao retornarem na escola lavaram as verduras e eles próprios elaboraram seus sanduíches com os ingredientes que cada escolhera. Com caracterização de chefes de cozinha, aventais, tocas, pratos, talheres e guardanapos, a sala de aula se transformou em um restaurante segundo os alunos. Esta foi à atividade de culminância do Projeto, incentivando o cuidado com a vida, em especial, com o cultivo de alimentos saudáveis no espaço escolar.
No decorrer do Projeto “Horta Escolar” se constata o desenvolvimento e embelezamento da própria Escola. Cada dia surgia uma novidade: as cenouras estão desapontando, o rabanete cresceu, as flores começam a florir. No minhocário produzido pelas próprias crianças, as minhocas se desenvolviam e produziam o adubo para colocar nos canteiros, as sementes da salsicha, alface e vagens foram crescendo, e as mudas transplantadas, os canteiros dos pneus foram pintadas. E no centro da horta foram colocadas flores para embelezar o espaço. A Escola com todo o corpo docente e pais acolheram o Projeto de forma impressionante, porque estão dando continuidade no projeto com o cuidado de regar e cultivar esse espaço até então não oferecido na escola.
A relação das crianças com a natureza fez despertar o cuidado com todo o ambiente externo, dando lugar ao novo meio de aprendizagem. As mesmas verduras cultivadas pelos alunos da turma do Jardim II foram partilhadas com outras turmas nas refeições oferecidas na escola.
Portanto, cabe ao professor promover o desenvolvimento de atividades que provoquem a curiosidade, o envolvimento, a livre participação e colaboração da criança, assim como a interação com vistas a construir novos conhecimentos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das atividades realizadas percebe-se o resultado em curto prazo no desenvolvimento do Projeto. Crianças com menos receio de provar saladas e alimentos naturais cultivados na horta. Além do sentido de pertença e construção coletiva que se deu de forma criativa, livre e harmoniosa.
Em longo prazo e continuando a trabalhar a questão do cuidado e cultivo da horta escolar, acredito que os hábitos alimentares das crianças do Jardim II irão evoluir, fazendo com que as crianças aceitem melhor os alimentos fornecidos na escola e que estão no cardápio elaborado pela nutricionista.
Durante todo o período do estágio, procurei contemplar atividades que envolvessem técnicas diferentes e que estimulassem diretamente na alimentação das crianças, bem como o cuidado do próprio espaço, nesse caso a horta cultivada por eles. Acredito que o objetivo geral do Projeto foi plenamente alcançado, sendo observadas as falas e registros das crianças.
Percebo que o estágio proporcionou muitos outros momentos de conversas e reflexões com a turma, com professores e pais, onde fica constatado que através de diversas práticas pedagógicas, o professor cria possibilidades de aprendizagens significativas que facilitam a aprendizagem das crianças.
Desenvolvendo atividades de acordo com os conhecimentos e realidades das crianças, percebe-se a troca muito proveitosa entre professor e aluno, criando espaço de confiança, amizade e amor pelo espaço escolar.
Portanto, fica comprovada que a horta escolar é uma possibilidade lúdica e concreta das crianças vivenciarem o planejamento, o nascimento, o crescimento, a coleta e a preparação do alimento, além de proporcionar novas descobertas que levaram para a vida. Esse processo pode parecer simples, mas, na prática, torna-se inesquecível.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em:

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Brinquedos e brincadeiras nas creches: manual de orientação pedagógica/ Ministério da Educação. Secretaria da educação básica. – Brasília: MEC/SEB, 2012. Disponível em:

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil. Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, 2012. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.phpoption=com_docman&task=doc_download&gid=9769&Itemid>. Acesso em: 03 de Nov. 2014.

CAPRA, Fritjof e Michal K. Stoone e Zenobia Barlow: (Orgs.). Alfabetização Ecológica. A educação das crianças para um mundo sustentável. Tradução de Carmen Fischer, São Paulo: Cultrix, 2006.

GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra. Série Brasil cidadão. São Paulo: Petrópolis, 2000

MOURA, Marcelo; S. ASSIS, Ana Eleonora. A Ética na Educação Infantil. Porto Alegre: 2009. Disponível em: < http://guaiba.ulbra.br/seminario/eventos/2009/artigos/edfis/salao/595.pdf> .Acesso em 22 de Nov. 2014.

TIRIBA, Léa. Crianças da natureza. Rio de Janeiro: PUC - Rio, 2006. Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/index.phpoption=com_docman&task=doc_download&gid=7161&Itemid>. Acesso em: 10 de Nov. 2014.


TIRIBA, Léa. Crianças, Natureza e Educação Infantil. Rio de Janeiro: PUC - Rio, 2005. Disponível em:< http://29reuniao.anped.org.br/trabalhos/trabalho/GT07-2304--Int.pdf >. Acesso em: 10 de Nov. 2014.

[1] Acadêmica de Pedagogia, Semestre, UNILASALLE – Canoas.